quinta-feira, julho 12, 2007
Psicanálise (ao espelho)
Estou a ficar do avesso no meu armário de vaidades.
Há retratos a mais do que sou de imortal.
Tanto silêncio lá fora, nas ruas com vestígios de vingança, sombras erguidas como
um tecto em carne, esta mudez de vermes cansados de crescer,
esta aflição com rodas de comboio torto, este qualquer momento de um momento...
Conheço estas paredes que me afundam. Não deserto, nem fico: remexo no que sinto sem me crer, possibilito quadros de (...) mulheres baratas, no meu vagão de veios de ouro estremeço.
Sujo o que respiro sem querer, e o que sujo odeio (...)
Sou vazio e difícil como o vento. Incómodo de ser o que não sonho: a maré viva que me trouxe ao espelho.
Sou eu, porque não sonho o que já vi. Sou o que ainda sonha o que há-de ser. Quem não se lembra de estar vivo, sou. E uma grande ternura por eu ser, afaste-me do medo e do destino,. Não ter futuro é a melhor esperança.
o meu fastio aceita o que o domina..
Há retratos a mais do que sou de imortal.
Tanto silêncio lá fora, nas ruas com vestígios de vingança, sombras erguidas como
um tecto em carne, esta mudez de vermes cansados de crescer,
esta aflição com rodas de comboio torto, este qualquer momento de um momento...
Conheço estas paredes que me afundam. Não deserto, nem fico: remexo no que sinto sem me crer, possibilito quadros de (...) mulheres baratas, no meu vagão de veios de ouro estremeço.
Sujo o que respiro sem querer, e o que sujo odeio (...)
Sou vazio e difícil como o vento. Incómodo de ser o que não sonho: a maré viva que me trouxe ao espelho.
Sou eu, porque não sonho o que já vi. Sou o que ainda sonha o que há-de ser. Quem não se lembra de estar vivo, sou. E uma grande ternura por eu ser, afaste-me do medo e do destino,. Não ter futuro é a melhor esperança.
o meu fastio aceita o que o domina..
(José Duarte Saraiva, in A Cratera dos Mitos)