quarta-feira, maio 09, 2007

Álcool

Mais álcool!,
que quero hoje ver a vida cubista!

Quero ver as coisas por todos os lados
sem sair da poltrona onde estou sentado,
só para me rir dela…

Quero ver alargarem-se as janelas
em esgares de perspectiva!

Quero sentir o meu corpo dilatar-se
até rebentar nas estradas!, …

Quero, no intervalo de esperar um novo dia,
que este solo de trompete
me destrua os nervos por completo
e que fique de mim, por hoje,
apenas o gesto cubista e ausente
de quem não lhe correu bem o dia.

(Fernando Ilharco Morgado in Antologia Poética)