O fingidor
A malha aperta-se, a viagem sobe a novas alturas.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não tem.
E assim nas calhas de roda,
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
Porque será Fernando Pessoa o poeta tema da próxima sessão da Tertúlia de Poetas de Sintra (17 de Maio, em Colares), iremos ao longo do mês de Maio deixar-vos uma breve selecção da poesia do nosso génio literário.
A seguir (em Junho) já sabem, vem Camões, bardo da nacionalidade, e o momento final desta viagem (por agora).
Autopsicografia
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não tem.
E assim nas calhas de roda,
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
(in Cancioneiro)
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