Uma palavra de apreço
Depois de mais uma sessão que nos deixou com a sensação de dever cumprido - na qual houve oportunidade para uma justíssima homenagem à poetisa e artista plástica Maria Almira Medina, a "matriarca das letras sintrenses" - encontramo-nos agora a meio caminho da peregrinação cultural a que nos propusemos.
Agradecemos desde já todos os que nos têm acompanhado, e contribuído para o sucesso e continuidade deste projecto.
Os próximos portos de navegação serão Gouveia, Terrugem, Colares e Sintra, destino e remate natural de uma caminhada poética pelo concelho. Até lá, teremos mais espaço para ler e conversar sobre a poesia portuguesa.
Deixo-vos com a nossa poetisa (e musa inspiradora das Tertúlias, reconheçamos) Maria Almira, com um dos meus preferidos (e mais arrebatadores, considero) poemas na sua obra:
Dies irae
Dois cavalos de fogo pressentem o dia
rasgam a via láctea em busca dos deuses
devoram carneiros astrais
defecam estrelas
na noite incendiada dos demónios.
Dois cavalos de fogo reclamam os prados
gloriosos de cítaras maçãs e mel
em mil fontes de espuma naufragada.
Dois cavalos de fogo germinam desesperados
na crispação das raízes silenciosas
no âmago dos homens desventrados
e nas solidões dos monstros implacáveis
que devoram flores.
Maria Almira Medina
in Sem Moldura (Sintra, 1996)
Agradecemos desde já todos os que nos têm acompanhado, e contribuído para o sucesso e continuidade deste projecto.
Os próximos portos de navegação serão Gouveia, Terrugem, Colares e Sintra, destino e remate natural de uma caminhada poética pelo concelho. Até lá, teremos mais espaço para ler e conversar sobre a poesia portuguesa.
Deixo-vos com a nossa poetisa (e musa inspiradora das Tertúlias, reconheçamos) Maria Almira, com um dos meus preferidos (e mais arrebatadores, considero) poemas na sua obra:
Dies irae
Dois cavalos de fogo pressentem o dia
rasgam a via láctea em busca dos deuses
devoram carneiros astrais
defecam estrelas
na noite incendiada dos demónios.
Dois cavalos de fogo reclamam os prados
gloriosos de cítaras maçãs e mel
em mil fontes de espuma naufragada.
Dois cavalos de fogo germinam desesperados
na crispação das raízes silenciosas
no âmago dos homens desventrados
e nas solidões dos monstros implacáveis
que devoram flores.
Maria Almira Medina
in Sem Moldura (Sintra, 1996)
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